sábado, 20 de fevereiro de 2010

Tempos modernos

Ela hoje, aos dez anos de idade, após ter dado o seu primeiro beijo, às escondidas, se arruma e fica na frente da casa a observar cada movimento de folha que cai e cada poeira que voa na rua. Na esperança de ser aquele garoto que lhe roubara um selinho, no canto da casa da avó.
Foi-se o tempo das bonecas de pano, dos carrinhos de madeira e das rodinhas de ciranda nos quintais vizinhos... Foi-se a infância... A inocência.
Ela e suas amigas já estão cansadas de brincadeiras repetidas, de sujar os vestidinhos de laço fazendo bolinhos de lama e de despentear os cabelos nas corridas apostadas.
Bom mesmo é se exibir para os meninos, que nada entendem de moda e que só pensam em campeonato de videogame. Elas os acham uns bobos... Elas me acham careta.
Eu, que já nem me permito todo o tempo do mundo para brincar de macaco e jogar bolinhas de gude, tenho saudades dos meus dez anos em que eu não me preocupava com aparência e vivia a melhor época da vida.
Eu, hoje, velha, aprendo com as crianças e já duvido se elas o são.

(Laiana Vieira)

5 comentários:

Unknown disse...

Pow, meu amor, que massa!!! reflexão bastante em voga e, que poesia!!!


Ano-T!!!

Luh Alves disse...

Nossa... Como a juventude está precoce. Ou será que eu que estou ficando velha, ultrapassada??
Acredito que as duas coisas.
Impressionante mesmo ver como o mundo está com pressa.
Saudades de quando o tempo passava devagar e que a infância durava no mínimo 14 anos...

Amei Lai, como sempre amo tudo o que vc escreve.

Jân Bispo disse...

Sobre velha infancia, uma vez eu mesmo escrevi, Bolas de gudes espalhadas pelo chão brincar uma unica obrigação, alguns deveres de escola para fazer nada de mais, quero mesmo correr, curtir os amigos... Bolas de Gude? Onde estão? brincar tenho tempo não, tantas coisas para fazer...
As crianças de hoje não sabem o mal que estão fazendo a elas mesmas com tanta pressa de maturidade, se elas soubessem a vida que temos, a correria, a angustia, a falat de colo, de inocencia, de poder ter medo!
Enfim belissimo texto cronico, a infancia moderna está disvirtuando muita coisa!

Anônimo disse...

Que lindo minha flor! Suas palavras são leves e dizem tanto...
Sou sua fã viu?!
Obrigada por existir em minha vida!
Amooo!

Jân Bispo disse...

eu fico pensando será que isso aqui vai voltar a funcionar um dia?
tanto talento e usar que é bom nada! rs... bom mas eu vim para lhe avisar que tem um selo para vc no meu blog, beijos