sábado, 20 de fevereiro de 2010

Tempos modernos

Ela hoje, aos dez anos de idade, após ter dado o seu primeiro beijo, às escondidas, se arruma e fica na frente da casa a observar cada movimento de folha que cai e cada poeira que voa na rua. Na esperança de ser aquele garoto que lhe roubara um selinho, no canto da casa da avó.
Foi-se o tempo das bonecas de pano, dos carrinhos de madeira e das rodinhas de ciranda nos quintais vizinhos... Foi-se a infância... A inocência.
Ela e suas amigas já estão cansadas de brincadeiras repetidas, de sujar os vestidinhos de laço fazendo bolinhos de lama e de despentear os cabelos nas corridas apostadas.
Bom mesmo é se exibir para os meninos, que nada entendem de moda e que só pensam em campeonato de videogame. Elas os acham uns bobos... Elas me acham careta.
Eu, que já nem me permito todo o tempo do mundo para brincar de macaco e jogar bolinhas de gude, tenho saudades dos meus dez anos em que eu não me preocupava com aparência e vivia a melhor época da vida.
Eu, hoje, velha, aprendo com as crianças e já duvido se elas o são.

(Laiana Vieira)