quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Inverno gelado e quente

Hoje a chuva resolveu voltar, talvez só para se despedir, o inverno acaba daqui a algumas horas e depois de dias ensolarados, um dia frio só para que ninguém esqueça que ainda não trocamos de estação.
Hoje a chuva veio e respingou na janela. Eu estava só. Fiquei observando todos aqueles pingos cobrindo o vidro até que não sobrasse mais espaço e escorressem janela abaixo. O vento entrava pelas frestas e fiquei me lembrando dos dias- desse inverno gelado e quente-. Quente quando você esteve comigo. Quando você me ofereceu o seu casaco ao me ver tremendo de frio; quando eu recusei o casaco e você me deu o calor dos seus próprios braços; quente quando eu não precisei de cobertor na hora de dormir, pois você fez esse papel perfeitamente.
Foram os dias mais quentes deste inverno gelado. Naqueles dias a minha alma também estava aquecida...
Mas daí vieram os dias frios...
Frios quando eu não tive o calor dos teus abraços; quando eu precisei multiplicar os cobertores e meias durante a noite; quando eu tomei banhos quentes e segurei a xícara com café mesmo sem querer bebê-lo; frios quando você não estava ali pronto para me acolher nos teus afagos e transferir a mim um tanto do teu calor.
O inverno só é bom quando alguém te aquece, do contrário são apenas arrepios, mangas cumpridas, biscoito molhado no café e vazio. É esse tal vazio que me faz tremer...
Eu poderia querer que fosse diferente, mas de qualquer forma não teria graça, o inverno é igual para todos, o que muda é como a gente passa por ele... As canções que a gente escolhe como trilha, a temperatura do nosso chá, a abertura da janela do quarto e, principalmente, quem está ao nosso lado dividindo tudo isso.
Agora o que resta é a lembrança deste inverno que está se indo... O que resta é o limo verde pelo chão, é a terra encharcada, é o cheiro da chuva e os pingos da janela que ainda permanecem por algum tempo, até que o vento os leve de volta para alguma nuvem distraída, para que ela os guardem para o próximo inverno ou até os transformem numa chuva de verão.
E amanhã, quando a primavera já estiver chegado, restará o orvalho na pétala de alguma flor que se fizer presente no caminho por onde passarmos.


[ Laiana Vieira.]